terça-feira, 25 de outubro de 2011

E o Sertão?



Cabo, 13/01/1999

Homens que olham
Para os seus filhos e choram.
Lembram que o futuro está apagado e choram.
Nas covas veem sepultados todos os sonhos.
Todos os fantasmas foram convidados para este enterro.

Nem uma gota d’água
Deus não manda mais
Nem uma gota d’água pra trazer a paz
Para este sertão.
Só quem se lembra é o cão.
Só o que não falta é a dor,
É a fome,
É a morte,
É o horror.
A família sofre junta
Reza pra ver se Deus ajuda
Mas no céu
As nuvens não se juntam.
Anoitece e amanhece ateu.
Só o cão do sertão se lembra.
Quando tu hás de lembrar meu Deus?!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Astros e Rastros

Cabo, 20/07/1997


Onde paira a verdade,
Onde assombra o poder,
Onde resiste a felicidade.
Onde resiste a felicidade?
Em que lugar há de ser?
Em terras que não se vê.
Em mundos aonde não se vai.
Onde tudo é resistir.
Onde nada é desistir.
E aqui?
É aqui?
Não pode ser aqui?
Talvez!!
Quando a brisa da meiguice passar por aqui.
Se em nossa consciência peso não existir.
Sentiremos felicidade.
Sentiremos bulir.
O palco da majestade estará longe daqui.
Não ande pela rua que não tem asfalto,
Lá o tempo fez um grande buraco.
E a lama pode te engolir.
No palco da majestade, os astros brilham,
No entanto, põem-se a se destruir.
Num dia cairão aqui, naquela rua sem asfalto,
Onde a lama, há de os engolir.