terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ciranda

Cabo, 2-7-1999

Um choro doce cortou
Os leitos e o coração,
Um raio de luz entrou
Na fresta do meu portão

A dor trazendo a vida.
A vida jogando com a sorte.
A morte nessa guerra vencida.
A vida matando a morte.

Um sopro e as luzes se apagam.
Um canto e os santos te guardam.
Um grito e acaba-se a dor.

Era um anjo,
Mechas douradas, pele pálida,
Boca rosada.
Era um anjo,
Já não é mais.

No olhar lavado de sonhos
Esconde o mistério dos anos:
Os jogos, as brincadeiras, os planos.
A areia a ampulheta escoa,
O tempo parece que voa,
A lua arrasta o sol.

Talvez na multidão oculta,
Ande a menina
Como outras faces mudas.
Ande a vida
Fugindo da chuva.

Porém a saudade irmã,
Com a ciranda da infância
Traz do passado a lembrança
Como traz a noite o amanhã.

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